As alucinações são coisas que parecem reais para a pessoa que as experimenta, mas na verdade são apenas percepções criadas pela mente. Elas não são sonhos ou pesadelos. Elas ocorrem enquanto uma pessoa está acordada. Enquanto a maioria das alucinações consistem em coisas imaginárias vistas ou ouvidas, elas também podem ser cheiradas (alucinações olfativas), degustadas (alucinações gustativas) e sentidas (alucinações táteis).

Uma alucinação táctil é a impressão de que algo te está a tocar quando, de facto, nada está lá.

Quais são os sintomas?

Aqueles que experimentam alucinações tácteis descrevem uma variedade de sensações. As mais comuns incluem:

  • Uma sensação de ter a pele esticada sobre a cabeça.
  • Serpentes ou insectos a pensar estão a rastejar sob a pele ou sobre o corpo. Este tipo de alucinação táctil é chamada de formicação.
  • A sensação de ser beijado ou de ter sexo.
  • Sentir como se os órgãos internos estivessem em movimento.
  • Ter comichão ou pele a arder.

O que causa alucinações?

As alucinações de todos os tipos, incluindo a variedade táctil, surgem de problemas na função cerebral. Os especialistas teorizam que elas derivam de atividade elétrica anormal em certas áreas do cérebro. Essa atividade anormal pode ser provocada por vários fatores, alguns dos quais são descritos aqui.

Doenças mentais

Uma variedade de distúrbios mentais, incluindo mania, psicose pós-parto e depressão grave, podem produzir alucinações de múltiplas variedades.

De acordo com pesquisas publicadas no Industrial Psychiatry Journal, estima-se que quase três quartos das pessoas com esquizofrenia têm alucinações.

Uso ilícito de drogas

Uma categoria de drogas conhecidas como alucinógenos interfere na comunicação entre o cérebro e a medula espinhal, o que, segundo o Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas, pode resultar em usuários “experimentando rápidas e intensas oscilações emocionais e vendo imagens, ouvindo sons e sentindo sensações que parecem reais, mas não são”.

Estes medicamentos incluem LSD, PCP (pó de anjo), e mescalina. Outras drogas, tais como cocaína e ecstasy, também podem produzir alucinações tácteis.

Abuso ou abstinência do álcool

O que os especialistas chamam de alucinose alcoólica – que geralmente assume a forma de vozes auditivas, mas também pode incluir alucinações tácteis – é um subproduto raro do abuso crónico do álcool.

Alucinações, incluindo as da variedade táctil, também podem ocorrer quando um bebedor pesado pára repentinamente ou limita severamente a sua ingestão de álcool (chamado de consumo de álcool e em casos graves, delirium tremens, também conhecidos como “os DTs”).

Estas alucinações tácteis podem manifestar-se como sentimentos de entorpecimento ou como ardor ou comichão na pele.

Doença

Certas condições médicas podem produzir alucinações tácteis. A doença de Parkinson (uma condição marcada pelo mau funcionamento e morte de células nervosas no cérebro) e a demência do corpo de Lewy (uma doença do tipo Parkinson) são duas proeminentes.

Pesquisas publicadas no Journal of Neurology observam que alucinações táteis em pessoas com Parkinson frequentemente envolvem animais, ocorrem mais frequentemente à noite, e são resultado da doença, bem como dos medicamentos usados para tratá-la.

Medicamentos

Alguns medicamentos prescritos para tratar problemas psiquiátricos, como a esquizofrenia, e distúrbios neurológicos, como Parkinson ou epilepsia, podem causar alucinações. A mudança de medicamentos ou dosagens pode ajudar a resolver o problema.

Existem complicações?

Qualquer tipo de alucinação pode ser muito assustadora para a pessoa que a experimenta, assim como para aqueles à sua volta. Elas podem levar uma pessoa a fazer coisas irracionais ou mesmo perigosas como, por exemplo, saltar de uma ponte para a água para apagar um fogo percebido na pele.

Além disso, as alucinações nunca devem ser casualmente descartadas como sendo “tudo na cabeça de alguém”. As alucinações podem ter a sua raiz em problemas médicos graves que necessitam de avaliação e intervenção.

Como é diagnosticada?

O seu médico vai primeiro fazer um histórico médico completo, perguntando sobre o seu passado médico, medicamentos atuais, hábitos de sono, uso de drogas e álcool, se você teve algum traumatismo craniano, quando seus sintomas começaram, e assim por diante.

Podem também encomendar testes de diagnóstico, como exames de sangue e varreduras – muitas vezes uma tomografia ou ressonância magnética – para visualizar a atividade elétrica no cérebro.

O que é o tratamento?

O primeiro passo no tratamento das alucinações tácteis é tratar a condição que as provoca. Aqueles com doenças mentais, por exemplo, podem responder a medicamentos antipsicóticos. Aqueles com Parkinson podem precisar de mudar as prescrições ou ajustar as dosagens.

A pesquisa publicada no Industrial Psychiatry Journal observa que a terapia cognitiva comportamental e a psicoterapia podem ajudar tanto aqueles que experimentam alucinações tácteis como os seus familiares e amigos a lidar com o stress e o estigma da experiência. A terapia cognitiva comportamental, por exemplo, ensina a uma pessoa como desafiar o pensamento distorcido, reduzir o comportamento destrutivo e pensar em soluções positivas.

Se alguém que você conhece está tendo uma alucinação, táctil ou não, não o deixe sozinho. Seja gentil e calmo. Não discuta sobre a realidade da alucinação. Tente confortar e distrair perguntando sobre a alucinação e depois desviando a atenção dela com música, TV ou outra atividade.

Mencione todas as experiências ao médico da pessoa.

Embora as alucinações táteis sejam menos comuns que as auditivas e visuais, elas ainda são uma ocorrência aterradora para muitas pessoas que sofrem de doenças mentais e distúrbios médicos.

A medicação prescrita e o aconselhamento psicológico podem ajudar a reduzir ou prevenir as alucinações e melhorar a qualidade de vida de quem as experimenta.