Mesmo a música triste traz prazer e conforto para a maioria dos ouvintes, segundo pesquisas recentes da Universidade de Durham no Reino Unido e da Universidade de Jyväskylä na Finlândia, publicadas em PLOS ONE.
Por outro lado, o estudo descobriu que, para algumas pessoas, a música triste pode causar sentimentos negativos de profundo pesar.
A pesquisa envolveu três pesquisas com mais de 2.400 pessoas no Reino Unido e na Finlândia, focando as emoções e experiências memoráveis associadas à escuta de canções tristes.
A maioria das experiências relatadas pelos participantes foi positiva.
“Os resultados nos ajudam a identificar as formas como as pessoas regulam seu humor com a ajuda da música, assim como como a reabilitação musical e a musicoterapia podem aproveitar esses processos de conforto, alívio e prazer”, disse o autor principal, Tuomas Eerola, Ph.D., professor de cognição musical da Universidade de Durham, em um comunicado à imprensa.
Ele também disse que o estudo pode ajudar a encontrar razões para ouvir e evitar música triste.
Um estudo anterior, publicado no Journal of Consumer Research, descobriu que as pessoas tendem a preferir música triste quando estão passando por uma profunda perda interpessoal, como o fim de um relacionamento.
Os autores desse estudo sugeriram que a música triste é um substituto para a relação perdida. Eles a compararam com a preferência da maioria das pessoas por um amigo empático – alguém que realmente entende o que você está passando.
Outras pesquisas têm se concentrado na alegria que a música upbeat pode trazer.
Um estudo de 2013 no Journal of Positive Psychology descobriu que pessoas que ouviam música animada poderiam melhorar o seu humor e aumentar a sua felicidade em apenas duas semanas.
No estudo, os participantes foram instruídos a tentar melhorar o seu humor, mas só conseguiram quando ouviram a música animada de Copland, em oposição às músicas mais tristes de Stravinsky.
E um humor mais feliz traz benefícios para além de se sentir bem. Em um comunicado à imprensa, a principal autora do estudo, Yuna Ferguson, observou que a felicidade tem sido ligada a melhor saúde física, maior renda e maior satisfação no relacionamento.
A música como terapia
Esta pesquisa musical se alinha com a arena maior da musicoterapia.
A Associação Americana de Musicoterapia (AMTA) relata que os programas de musicoterapia podem ser projetados para atingir objetivos como gerenciar o estresse, melhorar a memória e aliviar a dor.
Pode parecer surpreendente que a música possa ajudar as pessoas a lidar com a dor física, mas a pesquisa tem mostrado uma ligação clara.
Uma revisão de 2015 no The Lancet descobriu que as pessoas que ouviam música antes, durante ou depois da cirurgia sentiam menos dor e ansiedade, em comparação com os pacientes que não ouviam música.
Os ouvintes de música nem sequer precisavam de tanta medicação para as dores.
Para realizar o estudo, os pesquisadores analisaram dados de 73 estudos diferentes, envolvendo mais de 7.000 pacientes.
As pessoas que experimentaram uma redução da dor ligeiramente maior, mas não significativa, e que precisavam de menos medicação para a dor, foram as que conseguiram escolher a sua própria música.
“A música é uma intervenção não invasiva, segura e barata que deve estar disponível para todos os que se submetem a cirurgia”, escreveu Catherine Meads, Ph.D., da Universidade de Brunel, no Reino Unido, recomendada em um comunicado à imprensa.
Quando se trata de tratar condições crônicas, a musicoterapia também pode desempenhar um poderoso papel.
Uma revisão recente no World Journal of Psychiatry descobriu que a terapia musical pode ser um tratamento eficaz para distúrbios de humor relacionados a condições neurológicas, incluindo a doença de Parkinson, demência, acidente vascular cerebral e esclerose múltipla.
Após rever 25 ensaios, os investigadores concluíram que a música é uma terapia válida para reduzir potencialmente a depressão e a ansiedade, bem como para melhorar o humor, a auto-estima e a qualidade de vida.
Eles também notaram que não foram relatados efeitos colaterais negativos em nenhum dos ensaios, tornando a música um tratamento de baixo risco.
Barry Goldstein, um artista de gravação que estuda os efeitos vibracionais da música há mais de 25 anos, diz que a música tem um impacto profundo no cérebro.
Em uma coluna da revista Conscious Lifestyle, Goldstein escreveu que a música pode realmente melhorar as funções cerebrais.
Ele disse que a música pode evocar emoção, ajudar a recuperar memórias, estimular novas conexões neurais e atenção ativa.
Aumentar os humores
Embora ouvir música possa trazer maiores benefícios à saúde, criá-la também pode ser uma terapia eficaz.
Uma orquestra única para pessoas com demência ajudou a melhorar seu humor e aumentar sua autoconfiança, segundo pesquisadores do Instituto de Demência da Universidade de Bournemouth (BUDI) em Dorset, Reino Unido.
A orquestra é um dos vários projetos de pesquisa da BUDI que visa demonstrar como pessoas com demência ainda podem aprender novas habilidades e se divertir.
Oito pessoas com demência e sete cuidadores participaram do projeto, além de estudantes e músicos profissionais.
“A música toca a todos de alguma forma, seja ouvindo ou tocando”, disse Anthea Innes, Ph.D., chefe do BUDI, em um comunicado à imprensa.
Ela disse que a orquestra tem sido um projeto de melhoria de vida para todos os envolvidos, e que o projeto desafia as percepções públicas negativas das pessoas diagnosticadas com demência.
“Trabalhar em conjunto para produzir uma produção colaborativa é uma maneira poderosa de trazer o melhor das pessoas – não apenas em termos de suas habilidades musicais, mas de suas habilidades de comunicação, amizades, cuidados e apoio uns aos outros”, acrescentou ela.