Ignore aquelas manchetes que prometem uma vacina contra a doença de Alzheimer no futuro próximo.

Cerca de 6 milhões de americanos sofrem atualmente do Mal de Alzheimer – uma condição cerebral irreversível que causa perda de memória e deficiências cognitivas.

Como a quantidade de americanos mais velhos aumenta nas próximas décadas, espera-se que o número de casos de Alzheimer dispare.

A Associação Alzheimer estima que até 2050 cerca de 14 milhões de americanos viverão com Alzheimer.

A partir de agora, não há cura para a condição ou opção de tratamento para reverter as deficiências cognitivas causadas pela doença de Alzheimer.

Pode ser por isso que a pesquisa precoce de uma possível vacina tenha recebido tanta atenção da mídia no início desta semana. Pesquisadores da Universidade do Novo México estão trabalhando no desenvolvimento de uma vacina que poderia potencialmente prevenir a doença de Alzheimer.

A vacina, que foi testada recentemente em ratos, ajudou a eliminar os emaranhados proteicos no cérebro que podem causar o mal de Alzheimer, de acordo com um novo estudo publicado na revistaNPJ Vaccinesearly June.

Primeiros estágios da pesquisa

Embora estas descobertas ofereçam esperança, é muito cedo para saber se e como a vacina funcionará em humanos.

Afinal de contas, os ratos são um pouco diferentes das pessoas.

Segundo os especialistas em saúde, passarão anos, talvez até décadas, até que tenhamos uma vacina pronta para os humanos.

E isso se a vacina funcionar mesmo.

No passado, numerosos candidatos a medicamentos para tratar a doença de Alzheimer pareciam promissores nas pesquisas iniciais, mas não foram eficazes nos testes generalizados.

“Embora esta pesquisa seja promissora, é muito cedo para ficar entusiasmado. Qualquer benefício humano desta vacina está a muitos anos, na melhor das hipóteses”, disse-nos o Dr. Alex Mroszczyk-McDonald, um médico de família do Centro Médico Kaiser Permanente Fontana.

Há vários passos e desafios para que uma vacina seja aprovada e muitas vezes leva décadas para garantir a sua segurança e eficácia, acrescentou ele.

Atualmente, não há nenhum medicamento para curar ou retardar a doença de Alzheimer, embora existam alguns que tratam seus sintomas.

Veja como a vacina funciona em ratos

A vacina candidata foi concebida para visar um tipo específico de proteína – conhecida como tau patológica – que é encontrada em grandes quantidades no cérebro das pessoas que têm o mal de Alzheimer.

Embora o tau esteja presente no cérebro de todos, a proteína acumula-se no cérebro das pessoas com Alzheimer e acredita-se que cause um declínio cognitivo.

“A proteína Tau está presente em células cerebrais normais e saudáveis, mas na doença de Alzheimer a proteína se acumula anormalmente em ‘emaranhados’ que interferem com a sinalização e comunicação cerebral”, explica a Dra. Verna R. Porter, neurologista e diretora do programa da doença de Alzheimer no Centro de Saúde de Providence Saint John.

A equipe de pesquisa descobriu que quando a vacina foi administrada aos ratos, seus corpos desenvolveram anticorpos que removeram a proteína tau anormal da parte do cérebro associada à aprendizagem e memória.

Os ratos foram então postos à prova em vários labirintos. Os roedores que receberam a vacina tiveram um desempenho significativamente melhor do que aqueles que não receberam a vacina.

As melhorias duraram meses, relataram os pesquisadores.

Embora a vacina tenha funcionado muito bem nos ratos, mais uma vez é importante lembrar que o sucesso em um ensaio com ratos não significa que ela ajudará os humanos.

“No desenvolvimento de drogas Alzheimer, o que vemos num animal é interessante, mas sabemos que ele não pode necessariamente ser reproduzido em humanos”, disse o Dr. Marwan Sabbagh, diretor da Clínica Cleveland Centro Lou Ruvo para a Saúde Cerebral.

O Alzheimer é uma doença complexa e difícil de tratar.

De acordo com Porter, a exata patologia subjacente à doença de Alzheimer continua sendo controversa.

Alguns cientistas acreditam que a culpa é da acumulação da proteína tau, enquanto outros pensam que outro mecanismo – como a inflamação – está em jogo.

“Apesar dos progressos consideráveis que estão sendo feitos, um entendimento completo da patologia desta doença ainda não foi elucidado”, disse Porter.

Os especialistas em saúde concordam que é necessária muito mais investigação para compreender melhor a doença, a fim de desenvolver um tratamento seguro e eficaz.

Se a proteína tau é, de fato, a causa da doença de Alzheimer, os cientistas também precisarão descobrir como levar essa vacina às pessoas antes que ocorra uma deterioração cognitiva significativa que pode muito bem ser irreversível.

Os cientistas estão atualmente trabalhando na identificação de biomarcadores de diagnóstico precoce da doença também, explicou Porter.

“Acredita-se que a doença de Alzheimer é uma doença muito mais multifacetada do que se supunha inicialmente. Isso torna o desenvolvimento de uma vacina eficaz em humanos mais complexo”, disse Porter.

Vacinas anteriores têm sido muito arriscadas

Esta não é a primeira vacina para o Alzheimer que foi desenvolvida.

De fato, muitos cientistas têm tentado criar vacinas que visam especificamente o emaranhado de tau nos últimos anos, segundo o Dr. Peter Davies, diretor do Litwin-Zucker Center for Alzheimer’s Disease and Memory Disorders nos Institutos Feinstein e membro do Alzheimer Foundation of America’s Medical, Scientific and Memory Screening Advisory Board.

Duas das vacinas estão nos estágios iniciais dos ensaios clínicos em humanos.

Outros tiveram de ser cancelados porque causaram efeitos secundários perigosos, tais como inchaço cerebral, em pacientes.

“Muitas pessoas acham que, neste campo, vacinas ativas podem ser muito arriscadas, e que dar às pessoas anticorpos em vez de tentar persuadi-las a fazer anticorpos é muito mais seguro”, disse Davies.

Tempo de espera prolongado

Vão passar anos até termos uma vacina para humanos

A equipe de pesquisa da Universidade do Novo México planeja assegurar financiamento para criar uma vacina que possa ser testada e, espera-se, usada terapeuticamente em humanos.

O processo pode custar milhões de dólares e levar décadas, de acordo com a Universidade do Novo México.

Ainda assim, qualquer desenvolvimento de novo medicamento é excitante, diz Sabbagh, e os resultados do estudo indicam que a vacina vale absolutamente a pena explorar.

Pesquisadores da Universidade do Novo México estão trabalhando no desenvolvimento de uma vacina para prevenir o mal de Alzheimer. Embora a vacina tenha melhorado com sucesso os sintomas em ratos, é muito cedo para dizer se e como o tratamento irá ajudar os seres humanos.